Minhas sinceras desculpas

“Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons.” S. Freud

Hoje queria pedir desculpas pelo constrangimento que causei a algumas pessoas das quais imensamente amo.

Quem me conhece sabe que tenho passado por algumas questões emocionais chatas e que tenho andado fragilizada nos últimos tempos. A questão não é ter um problema, mas sanar isso com uma compulsão; e neste aspecto eu tiro de letra! A verdade é que sou muito compulsiva e sempre me apeguei a algo pra me livrar da carga de meus problemas e de minha ansiedade. Assim foi, de certa forma, que desenvolvi transtorno obsessivo compulsivo quando criança, e depois outras obsessões que se seguiam como escrever, estudar, comprar e até (de maneira indireta) de laxativos, tranquilizantes, a dor (quem me conhece bem sabe do que se trata) e agora, para extravasar, as festas e um pouco de bebida.

A imagem de ‘perfeitinha’ que pregam de mim sempre me incomodou. Não sou e nem quero ser assim e tenho uma mentalidade muito mais complexa do que tudo isso. Não quero guardar isso só pra mim, preciso extravasar, mas não é agindo de forma desordenada que conseguirei isso, pelo menos não de forma totalmente efetiva, pois podem me gerar outros transtornos. Ontem bebi, não muito (2 caipirinhas), mas o suficiente para passar mal. Sempre me gabei pelo meu auto controle, por isso nunca ter acontecido, e ontem isso veio por terra e foi especialmente constrangedor por ter meu irmão presenciando e ficando triste com tudo aquilo.

Talvez eu não me arrependa de ter bebido, mas de não ter parado no momento adequado e ter exposto as pessoas que mais amo ao constrangimento de meu erro. O meu constrangimento carregado sozinho não seria a terça parte do sofrimento que é ter alguém preocupado e desapontado com você. Falo isto especialmente nesta questão da bebida, pois carrego um vasto histórico de tragédias familiares geradas pelo alcoolismo. Boa parte da minha infância e adolescência foi traumatizada pelas bebedeiras de pai que desestruturaram nossa casa. Meu pai morreu por isto, o pai dele, meu avô, também traumatizou a sua casa e morrerá em decorrência disto, assim como o seu pai, meu bisavô, que também morreu pelo alcoolismo ao contrair cirrose hepática. Penso que tenho que ser o elo mais forte da família e vencer esta questão, não quero continuar essa corrente de amargura que se arrasta pela nossa família. Como uma pessoa inteligente que me considero ser essa seria uma das primeiras lições que deveria aprender e nunca mais esquecer!

Sei que beber não é errado, mas não saber controlar sim. Sei que de certa forma precisava extravasar e que aquela foi minha válvula de escape. Quando não estava, meu irmão disse a minha amiga que eu era o orgulho dele e que eu não devia estar fazendo essas merdas. Ela me disse isso enquanto cuidava de mim e doeu mais do que qualquer outra coisa que eu estava sentindo nos últimos tempos. Então peço desculpas a todos que desapontei e imploro, com carinho, que, mesmo não merecendo, que vocês não desistam de mim, que acreditem e que não deixem de se orgulhar de mim mesmo que eu às vezes não atenda as suas expectativas, seja tão imperfeita e os desaponte tanto. As pessoas que amo são minha vida, meu bem mais precioso!

Acho que o constrangimento que passei me fez refletir e ter aprendido a lição. Minhas sinceras desculpas.

A Pequenininha

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