O prazer da dor

blackswan45

Parece meio difícil de compreender, mas muitas pessoas conseguem encontrar prazer e alívio na dor. Ela pode ser dada de duas maneiras: o masoquismo e a automutilação. Esta não é uma forma de alcançar a felicidade, mas sim uma forma de compensação de alguma tensão ou necessidade interna.

Apesar de o masoquismo e mutilação estarem ligadas à busca de satisfação na dor, elas são coisas distintas que geralmente ocorrem por motivos distintos. Causas em comum podem se associar à prática de um ou outro, mas só a particularidade de cada pessoa pode determinar o porquê realizar esta escolha.

O masoquismo está na busca do prazer pela dor. A dor em si não é o objetivo, mas o meio de alcançar a excitação. Quando sofremos alguma injúria corporal o corpo reage institivamente lançando mais adrenalina, o que deixa a pessoa mais agitada, pronta para a ação. Esta ação promove a reação de ataque, que é devolvida para o parceiro na forma de ato forte e impulsivo; e assim se joga essa dinâmica selvagem. O masoquismo procura sensibilizar a pele para maximizar o prazer, e não para marcar definitivamente o corpo. O problema está em definir até onde a prática envolve a busca do prazer ou da violência, se é uma satisfação pessoal ou vontade de ambos, e se esta é a única alternativa de satisfação (se sim, pode estar envolvido com algum trauma ou compulsão).

Já a automutilação está mais relacionada à sensação de alívio. Diante de uma grande perturbação interna, seja emocional ou psicológica, a pessoa se angustia de tal forma a preferir que essa dor seja transferida para a forma física (pois considera menos perturbador). Assim, a automutilação expressa fisicamente um tormento interno e uma forma de fuga deste. Está relacionado a não aceitação de si mesmo, a pressão interna sofrida e autocobrança, e a insatisfação por não conseguir alcançar o patamar desejado. A automutilação não visa o suicídio, mas se não tratado em suas causas pode levar a pessoa a um estado tão depressivo onde o atentado a própria vida é possível. Quem se multila não quer ser identificado pela prática, para evitar maiores julgamentos, e geralmente escondem as marcas geradas ou vão mudando o seu comportamento e se antissocializando aos poucos. A automutilação pode causar danos irreversíveis e até a morte. O tratamento da pessoa está mais relacionado à sua visão e ação diante dos problemas do que pela solução do próprio problema a qual está envolvida.

Tanto o masoquismo quanto a automutilação podem levar à doenças para a pessoa que os pratica. Isso porque a prática já causa prejuízo ao próprio corpo ou ao do outro (o último, no caso do masoquismo) e os limites para que isso se torne compulsivo são bastante tênues. A automutilação facilmente conduz a depreciação de si mesmo e a depressão, o masoquismo pode se tornar violência e abuso contra o outro. São práticas perigosas que não devem ser tomadas como ‘melhor alternativa de satisfação’ e, se possível, erradicadas do pensamento para tal finalidade.

Quando a automutilação se torna uma prática compulsiva e a pessoa não consegue parar é preciso a busca imediata por tratamento. Isso pode ser feito com a busca de tratamento psicológico e psiquiátrico, a socialização e uma abertura pessoal para falar de si, especialmente para a família e amigos. O mesmo vale para a compulsão pela prática masoquista, que muitas vezes está relacionada ao passado da pessoa, e deve ser cuidadosamente tratada pelo casal envolvido; os limites, malefícios/benefícios e as causas dessa busca.

A mente humana é muito complexa e cada um possui uma maneira distinta para tratar de sua particular complexidade. Não estou aqui para julgar ou condenar, mas sim expor uma visão pouco abordada sobre este aspecto do comportamento humano. Mas creio que, pelo pouco que conheço e aqui exponho, posso defender que é melhor buscar a satisfação pela alegria do que pelo sofrimento. O que não nos extrai sorrisos não pode ser passível para um bom, ou melhor, caminho para a busca da felicidade e a saúde do corpo, da mente e da alma.

Bjus... A Pequenininha

Ps: Texto não cientificamente baseado.

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