Não compatibilidade de temperamento: pessoas excessivamente doces
Se você vive conversando no diminutivo, é super carente e dependente de sempre ter alguém ao seu lado, dificilmente toma decisões sem orientações prévias, é super entusiasta com tudo, fala de forma beeeeeem calma e dócil, acredita em príncipe encantado em um cavalo (ou um carro) branco com quem terá um lindo futuro com muitos filhos, uma casa meiga e dedicação exclusiva ao maridão e família… bem, provavelmente você seria uma pessoa que eu não teria muita afinidade de cara ou não iria dar muita atenção, mesmo que o seu discurso fosse lindo! Aff… fiquei enjoada só de falar! Acredite, não é nada pessoal, mas sim falta de compatibilidade com um temperamento na qual tenho aversão, pois é totalmente contrário a tudo que um dia pretendo ser.
Socialmente procuramos nos envolver com quem temos mais afinidade. Mas ao longo da vida encontramos com os mais diferentes tipos de pessoas que, querendo ou não, temos que aprender a lidar. Isso é bom, pois nos torna sociáveis, tolerantes e nos ajuda a definir o que queremos ou não, o que nos é mais favorável. Construímos nossa personalidade, adquirimos identidade, e com ela uma natural apatia a tudo que não pertence ao nosso mundo. Convivemos mas não somos obrigados a aceitar tudo que está ao nosso redor… viva, então, a diversidade!
O mal de pessoas excessivamente doces é que elas aparentam ser, e muitas delas são, sem ação própria, grudentas, às vezes sonhadoras demais e totalmente sem perspectiva de comando; enfim, pessoas passivas passadas no mel! Imagine uma pessoa que falta morrer se o namorado terminou o relacionamento, liga pra ele até para falar que defecou no dia, dialoga como se ela própria e o resto do mundo tivesse 4 anos de idade, acredita na bondade de todos e não tem malícia, tem o sonho de um casamento perfeito, abandonar os estudos (se é que estuda) para cuidado exclusivo à família e casa, além de ficar conversando toda songa monga enquanto o mundo está desabando (o que, particularmente, me faz estressar ainda mais). Eu penso que pessoas assim são muito tolas e que as chances de se f*** na vida, e talvez nem perceberem isso, são muito grandes.
Nem todas as pessoas doces apresentam 100% das características citadas e algumas são até toleráveis e um pouco agradáveis (dependendo do grau de doçura). Mas eu não posso negar que tais características incomodam um pouco pessoas que convivem muito com isso e apresentam comportamento totalmente contrário, pois são ideais de vida muito diferentes. Eu, por exemplo, tenho temperamento forte, gosto de comandar, sou mais durona e fechada, procuro conter os problemas internamente antes de saber qual deve ser a reação apropriada para a situação, não dou uma de desesperada, sou realista, muito maliciosa, e nunca, jamais, converso no diminutivo! Deu pra notar a diferença né?!
Acredito que é preciso haver essa diversidade de personalidades para o mundo estar em equilíbrio. Nem todo mundo pode só querer mandar ou esperar ordens, escutar apenas Adele e deixar no esquecimento Foo Fighters… ia ser incrivelmente chato essa uniformidade de opinião e personalidade. O mundo precisa de pessoas doces que interajam e cumpra o seu papel na sociedade, assim como as pessoas mais duronas, alternativas, nerds, desligadas, etc. Talvez seja desta forma que no final tudo se completa e nós aprendemos a conviver e a escolher como viver.
Foi convivendo e escolhendo, então, que decidi não ser uma pessoa muito doce. Nenhum preconceito, não deixarei jamais de conversar com pessoas assim; só declaro aqui a minha incompatibilidade de temperamento. Conheço pessoas assim, troco ideias mesmo que não concorde com muitas delas. Mas, de certa forma, acho positivo o entusiasmo que elas possuem pela vida e pelos sonhos; isso às vezes ajuda para quem é muito pessimista e precisa ser apresentado a uma visão menos cinza. As pessoas doces tem um papel importante e não devem ser menosprezadas. A única coisa ruim é o excesso, para qualquer tipo de comportamento, mais aí vai o bom senso de cada um para ponderar se a forma com que se porta é adequada ou precisa de reajustes.
Então, se você é assim pode saber agora que poderei estar um pouco mais dispersa ou não dar muita moral se estes ‘excessos de docilidade’ se fizerem presentes. Mas não se preocupe, pois provavelmente você também se sentirá um pouco incomodada com meu jeito. Não nos condenemos por isso, é simplesmente natural! Não precisamos simpatizar com tudo no mundo e não devemos esperar que todos gostem de nós. Que sejamos, então, tolerantes a esta diversidade e saibamos conviver em harmonia. Que também tenhamos a consciência de que somos especiais à nossa maneira, que podemos fazer a diferença na vida de alguém com o nosso jeito e que devemos aprender com tudo que está ao nosso redor, inclusive com os excessos (evitando-os, de preferência).
De uma menina meio ácida, racional e cética, mas sem excessos, espero.
Bjus… A Pequenininha.
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