Medo de Alzheimer
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcu0IB1RBuBnKw3EdwJofJ6LAoo9Zfnqvlabp8LFPZB4mm7FiPTYPNxIhi0W_ZnNi7SK4YOBalbvcPwGtYwcJEWLROASsfZA9Y0O33qF_z8_Xwq1qJyzaZRyTZa-d3Cya8aiazQHGu-cA/s400/Esquecimento+medo.jpg)
“Não me leve de mim. Leve-me até mim.”
Quem me roubou de mim – Pe. Fábio de Melo
Tenho medo do Alzheimer. Dentre tantas doenças acho que esta é uma das mais horríveis que podem acometer às pessoas porque ela nos sequestra de nós mesmos, aos poucos, fazendo com que percamos nossa identidade. Este é um sequestro sem resgate. A pessoa vai se perdendo de sua realidade sem perceber; já não lembra mais das suas conquistas e de quem mais ama, logo, nem se reconhece mais, não sabe de onde veio e nem para onde vai.
Tenho medo de amar e não ser amada. O entregar-se sem receber em troca poderia criar um vazio que não saberia preencher e a frustração de que o investimento não teve frutos poderia me fazer cair na descrença deste ato. Tenho medo de não amar, de me deixar conduzir pelos ceticismos e pessimismos da vida, pois todas as correntes me levariam a crer que isso não valerá a pena. E nisto viveria os automatismos da vida, o viver por viver sem algo que nos alimente, sustente e nos impulsione a buscar a felicidade. Tenho medo de não saber o que é verdadeiramente O Amor, de ficar presa a desconfianças e as correntes que me impedem de alçar voos rumo aos meus sonhos e metas.
Tenho medo de não arriscar. De me render e ficar presa aos meus cativeiros pessoais a termos que enfrentar o mundo em busca de nossos sonhos. Poderia não ter forças de prosseguir o caminho por não querer enfrentar os sofrimentos e dificuldades que me serão impostas. Seria, talvez, muito mais fácil; se desse certo. Conformamo-nos muitas vezes com a pobreza de nossa realidade, com o medo de enfrentar o mundo e se fragilizar mais, e nisto acabamos por achar que não temos forças para superar o obstáculo e alcançar nossas metas. Tenho medo também de me arriscar. De me jogar em um caminho sem volta e não ter força ou discernimento suficiente para administrar uma situação. Mas, saberia eu prever todos os prós e contras da situação sem antes ousar experimentá-las?
Tenho medo às vezes de ser eu. De perceber a quão fraca e incapaz sou diante de tantas coisas e por isso mesmo não acreditar na minha capacidade de construir e reconstruir a mim mesma e a realidade ao meu redor, ou de ferir alguém com as mesmas armas com qual eu mais temo ser ferida. Tenho medo de não tomar posse do meu valor, de viver os sonhos alheios ou uma realidade conformista; de partir do princípio de que, querendo ser tudo, eu me perca dos meus significados, anseios e realizações para me tornar um nada.
Medos, medos, medos... Tenho visto que não é só o Alzheimer que faz com que as pessoas se percam de si mesmas.
Sofremos muito com estes tantos medos e não sabemos lidar com a maioria deles. Mas creio que este é o nosso maior aprendizado de vida; é quando superamos a barreira da insegurança e nos encontramos com nós mesmos e tomamos posse de todo o nosso sentido de vida e identidade. É o ter certeza para onde vamos, de onde viemos e do que somos. É assumir, com autoridade, que ninguém ou nada pode nos tirar o direito de nos roubar de nós mesmos, de nos roubar a felicidade que nos plenifica e realiza e que é mérito nosso conquistado no dia-a-dia, para perdurar durante toda a vida.
Que saibamos enfrentar aquilo que mais nos aterroriza e nos prende em cativeiros e correntes imateriais, as prisões da alma; que não podem ser tocadas mas que têm o poder de nos tirar o sentido e nos destruir.
Abraço a todos... de uma menina que tem medo, medo de ter medo, e que por vezes se sente presa à eles. Bjus... A Pequenininha.
Comentários