Caça-palavras
– Hoje eu te quero de um jeito diferente.
E foi assim que ele foi adentrando, despojado, para o meu quarto. Junto
a si ele trazia um sorriso de canto de boca e um ar altivo de quem tinha um
plano bem arquitetado na cabeça. Após entrar, ele se vira novamente e me olha, de
baixo pra cima, sem pudor, como que já me analisando naquela posição e me fitando como que despida.
– Não vai entrar não, é? – Ele ri.
E eu com ar brincalhona e um tico debochada, respondo:
– E é pra entrar, é? – E rio malinamente em resposta enquanto encosto no canto
da porta.
– Eu não... vai que tu me prende aí?
E antes que eu tivesse tempo para uma segunda risada, sinto ele me
puxar forte pela cintura para junto de si e me calar com um longo e intenso
beijo. Ele em seguida me olha profundo nos olhos, atravessando a minha alma, e me
enlaça docemente em seus braços:
– Você é minha e não tem escolha!
E assim ele volta a me beijar, me envolvendo completamente e me conduzindo até a
cama. Ali ele me deita e aquela energia ávida e intensa dá lugar a outra contrária, calma
e delicada. Ele me beija suave enquanto tira cada peça de minha roupa, sem
pressa, como que querendo admirar cada curva do meu corpo, cada toque. O mesmo
faço com ele. E assim nos despimos, entregues, apaixonados.
Ele então se levanta por um momento e vai em direção a sua bolsa que
estava no canto do meu quarto. A princípio não entendi porque ele resolveu
parar um momento tão bom, mas me rendi a curiosidade de saber o que ele trazia
naquela necessaire que acabara de retirar da sua bolsa. Ele se volta novamente para
mim e, em tom desafiador, repete que hoje eu não teria escolha.
Eu só me rendo! Me rendo aos desafios que ele me propõe e me entrego...
Com ele eu me permito porque nunca me senti tão mulher, tão puta, tão amada e
tão eu mesma do que quando me encontrava ao seu lado. Eu me entrego porque
confio. O desconhecido, que na grande maioria das vezes para mim era motivo de temor, com ele parecia despertar
um efeito totalmente diferente: de aventura e de desejo por mais e mais!
Eu tinha a intensidade; ele, a criatividade. E, acredite, ele sempre
conseguia me surpreender! Daquela pequena bolsa ele tira algumas cordas. Não me
pergunte onde ele as conseguiu, mas já estavam cortadas em tamanhos suficientes
para prender meus punhos e os meus dois pés no braço da minha cadeira de
escritório. Isso mesmo que vocês leram: ele amarrou cada um dos meus pés em um
braço da minha cadeira de trabalho! E eu podia ver o seu sorriso de satisfação
ao dar cada nó, ao ver a execução perfeita daquilo que ele planejara.
Ao me deparar com aquela situação no mínimo inusitada, pergunto o que
ele vai fazer comigo e ele parece simplesmente me ignorar, como que
completamente compenetrado em seu trabalho. Apenas alguns minutos de nós e
torções e me vi completamente atada, aberta e imóvel naquela cadeira e diante
dele.
Vejo ele se levantar novamente e tirar da bolsa uma venda e uma série
de pequenas coisas que não consigo distinguir, mas vejo que ele as coloca em
cima da mesa, ao meu lado. Ele então me venda e eu, não me aguentando de
curiosidade, pergunto novamente o desfecho que ele gostaria de dar a todas
aquelas coisas e àquela cena.
– Calada! – Ele me repreende, seco.
E depois escuto seus lábios se aproximando do meu ouvido, seguido de um
sussurro:
– Você só pode falar quando eu quiser!
Então ele me cala novamente com um beijo, debruçando-se sobre mim e
devorando os meus lábios. E, sem conseguir ver, só consigo sentir o calor da
sua boca encontrando a minha e a conexão inerente daquele beijo que me fazia perder
o ar! De uma forma contínua, sinto esse beijo escorrer fogoso pelo meu pescoço,
seguido pelos meus seios... minha barriga... até apaixonadamente chegar aos
meus grandes lábios. E ali ele se deleita, se lambuza, desbrava cada centímetro
sem pressa e permanece firme enquanto eu me encontro a beira de desfalecer!
Ele se dedicou maravilhosamente sobre mim e quando eu estava quase chegando lá ele resolveu parar. Fiquei indiguinada! Foi quando
escutei mais uma vez o seu riso safado:
– Ainda não, minha cachorra! Ainda não é a hora. Antes eu preciso te
torturar só um pouquinho.
Foi quando sinto ele se levantar e em seguida o deslizar do que parecia
ser a ponta de uma caneta de quadro branco sobre o meu corpo, seguido de uma
ordem:
– Você precisa adivinhar o que vou escrever em você. Do contrário, vou
ser obrigado a te castigar. – Diz em tom sério e educativo.
E ele começa me treinando, me adestrando para ver se entendo as regras
do jogo e os seus comandos. Ele se posiciona próximo a mim e pede,
então, para eu dizer a letra que ele vagarosamente desenha em meu pescoço.
– Letra A. – eu digo.
E assim ele faz o mesmo com a letra D e F, os quais também acerto.
Ele então começa e sinto o deslizar da caneta sobre o meu seio
esquerdo. Me esforço para acompanhar o seu traço e adivinhar a palavra escrita,
mas logo de primeira falho miseravelmente.
– Vou ter que te castigar. Mas, pra não assustar, essa primeira vai ser
de leve.
E assim sinto ele prender nos meus dois mamilos o que parecia ser pequenos prendedores, pressionando e os puxando de uma vez logo em seguida. Levo um
susto pela dor intensa e repentina e grito!
– Aí!!!
Ele então passa os dedos com calma, úmidos, embebidos no que parecia
ser sua saliva em cada um dos meus mamilos, como que querendo acalmá-los
daquela agressão sofrida.
– Acho que agora você entendeu como funciona. Se não quiser mais, da próxima vai
ter que acertar.
E assim ele retorna ao trabalho de escrever em meu corpo, agora indo em
direção à minha testa. E eu, apesar de me esforçar demasiadamente para tentar
decifrar a nova palavra, falhei novamente.
Dessa vez foram elásticos o meu castigo. Eram desses elásticos de borracha simples, de dinheiro, e ele os envolveu em meus dois pés. Em seguida os esticou e os soltou simultaneamente, estralando sob a palma dos meus pés! Uma...
duas... três vezes! Puta que pariu!!! Eu me contorcia a cada puxada, mas ao
mesmo tempo sem conseguir me desvencilhar pela completa falta de mobilidade naquela
cadeira!
Ele sempre, após cada castigo, passava a mão delicadamente como
querendo acalmar a minha pele e me fazer desfrutar daquela sensibilidade
alcançada, daquele estranho e até então desconhecido prazer da dor. Após esse momento, percebia a sua pausa, como que querendo me instigar e ao mesmo tempo me preparar para o que
viria em seguida.
Terceira palavra, agora na lateral da minha coxa, e mais uma vez eu
errei. O castigo dessa vez foi uma fita adesiva aderida em toda a minha vulva e
puxada repentinamente. Mais uma vez gritei de dor e senti vontade de chorar,
mordendo firme os meus lábios para não fazer um escândalo maior pela sensação
sentida!
Quarta palavra, agora escrita mais devagar. Mentalmente eu desenhava
cada letra e tentava formar a palavra a ser dita. Dessa vez
acertei! Ebaa!!! Fiquei feliz como criança quando ganha doce! Tinha direito a
sortear, ainda que de olhos vendados, uma recompensa. Fiquei excitada só de
imaginar o que estaria por vir!
Após a minha escolha senti uma pausa sua. Ele parecia analisar o papel
que escolhi e, após um breve momento, escuto a sua risada safada e seus
dizeres:
– Eh... esse eu acho que você vai gostar.
Sinto então ele se ajoelhando em frente a mim e suas mãos segurarem as
minhas coxas. Em seguida, sinto sua língua deslizar, quente e suave, por toda a minha região anal... circulando, massageando, desbravando... Ele me chupa com vontade e
com vontade eu salivo, e me umedeço, e desfruto de cada movimento
deliciosamente elaborado!
Após ele permanecer alguns preciosos minutos sobre mim, sinto ele
diminuir o ritmo até parar e voltar novamente para o seu jogo pervertido.
– Uma última palavra. – Ele diz.
E assim ele retoma o desenho sobre o meu corpo, agora na altura acima da
minha vulva. Mas acredito que pela minha distração após o intenso oral recém-recebido
eu não consegui permanecer totalmente alerta e acabei errando novamente.
Fiquei frustrada, porque queria outra recompensa tal qual acabara de
receber. Ele não ri, nem me repreende, só parece estar atento em executar a sua
missão.
– Calma... – ele diz enquanto passa a mão suave sobre os meus cabelos.
Foi quando, voltando-se para mim, ele pede pra sortear um castigo e,
por sorte, veio novamente o prendedor nos mamilos! Não que eu gostasse da dor,
na verdade eu nunca havia sentido ou experenciado nada do tipo. Mas confesso que ao sentir
ele acariciando os meus mamilos, após sensibilizá-los ao extremo pela dor,
parecia despertar em mim uma estranha, porém intensa e inexplicável, sensação de
prazer!
E, dessa vez, após me castigar, ele não só os acariciou como também os sugou
e mamou, um a um, deliciosamente!
Toda essa brincadeira despertou os meus sentidos de uma forma magicamente
nova e profunda. Não vou mentir, amei cada detalhe!
Eis que ele resolve tirar finalmente a minha venda para que eu possa
ver as palavras não ditas, porém, marcadas em meu corpo. Aperto um pouco os
olhos até conseguir me adaptar novamente à claridade do quarto. Quando
finalmente consegui enxergar, me vi posicionada em frente ao grande espelho
do meu quarto e finalmente encaro todas aquelas palavras,
assim como a minha nudez e a minha falta de pudor.
PUTA, VADIA, CACHORRA, GOSTOSA... VIDA!
– Viu o que você é para mim?! – Ele exclamava enquanto me encarava pelo
espelho.
– Então deixa eu ser...
– Ser o que?
– Sua puta, sua vadia, sua cachorra, sua gostosa...
Eu paro um pouco e o fito diretamente; talvez com um pouco de medo, não
dele, mas de aceitar o que no íntimo eu já sabia. Aceitar que eu já estava totalmente entregue a ele, a nós, em um caminho sem
volta.
– E o que mais? – Ele me interroga como que instigando a minha
resposta.
Eu então digo em tom firme:
– Sua vida!
Era só o que ele precisava para me tomar novamente em um beijo
apaixonado e avassalador. E, enquanto me beijava, sinto os nós que me prendiam se
desfazerem com a destreza de quem não precisaria enxergar para conseguir
desatá-los. Após me libertar, ele rapidamente me suspende da cadeira e me
coloca de bruços sobre a cama. E, pressionando o seu corpo sobre o meu, começo
a sentir toda a sua rigidez me adentrando com vontade!
– O que eu sou pra você, hein, sua cachorra?
– Você é meu...
Eu não conseguia prolongar muito os meus dizeres pois, naquele momento, me sentia completamente tomada, inebriada de prazer. Ele me preenchia de forma
intensa e cada vez mais forte!
Rebolo e sinto-o agarrar e puxar os meus cabelos... Rebolo e sinto a
sua respiração ofegante... rebolo e sinto a minha respiração cada vez mais
falha...
E assim nos rendemos a esse furor, ao prazer compartilhado, à sincronia
dos nossos sons e pausas, ao bailar envolvente dos nossos corpos... até que, finalmente,
nos entregamos mutuamente ao nosso delírio apaixonante, ao nosso orgasmo mais intenso e profundo!
Após alguns breves segundos, sinto-o deitar sobre mim; suado, entregue.
Ele então me abraça forte em uma conchinha enquanto beija e cheira os meus
cabelos. Já eu, sem pressa de querer sair daquele momento, apenas puxo-o para
ainda mais próximo de mim enquanto me deleito na nossa intimidade. Alguns
minutos de pausa para recobrar a respiração, os sentidos, e para contemplar
aquele nosso momento... Em seguida, retomo com um ar cômico e um pouco provocativo:
– O que eu sou mesmo? – E direciono a sua mão para a palavra escrita
sobre o meu seio esquerdo.
Ele então me vira, me olha docemente, beija a minha testa, o meu nariz,
os meus lábios, e, em seguida, olhando nos meus olhos e com um sorriso leve e
encantador me diz:
– Você é minha vida!
E eu sei que isso foi tão sincero e genuíno como cada palavra e gesto
que vivenciei ao seu lado.
– Vem cá... só me abraça mais um pouco...
A Pequenininha
Ps: ao contrário de muitas, essa história não tem fim.
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