Um namoro de 12 dias – parte 1/3 – Do auge ao rápido declínio


O primeiro questionamento que certamente está na sua cabeça de vocês é: mas não tem como ter um relacionamento sério tão rápido assim! Eu sei, eu sei... e concordo com vocês. Mas, apesar de não termos a vivência completa de um ‘namoro’, cumprimos todas as regras sociais que definem um. Então vamos à história tão interessante quanto trágica.

Eu não estava procurando um namorado. Na verdade, eu estava relativamente bem comigo mesma depois de finalmente ter me recuperado de um relacionamento traumatizante (vide texto anterior). Tinha lá meus contatinhos casuais (que dão uma certa dor de cabeça, é verdade, mas atendem uma demanda momentânea), minha vida sexual estava relativamente bem, obrigada, e estava focada em desenvolver meus projetos pessoais, especialmente no campo profissional. Eis que um cara surge e curte praticamente todas as minhas fotos do Instagram e sempre comentava quando postava algo no ‘stories’! Ok, até aí tudo bem, estava cagando para isso. Mas ele começou a puxar papo como que me conhecesse e, então, resolvi dar ‘corda’ para o papo dele.

E não é que o cara tinha um bom papo?! Boa conversa, inteligente, demonstrava empatia. Não era muito bonito, mas quem conhece meu histórico de relacionamentos sabe que isso nunca foi meu critério de seleção. Rsrs... Queria marcar um encontro, mas eu desconversava, estava relutante, afinal, a vida não estava ruim e queria focar no meu trabalho e estudos. Mas um dia resolvi aceitar, saímos, nos beijamos e, sim, rolou algo a mais.

O sexo não era o melhor, mas não era ruim, coisa que considero normal para uma primeira experiência, e pensei comigo: ‘Se tivéssemos uma oportunidade, eu poderia ensinar esse boy uns ‘paranauês’ e ele ficaria perfeito, do jeitinho que gosto! ’ Diferente de outros caras, ele parecia ser mais sério, homem de verdade, que não era de joguinhos e achei aquilo um ponto super positivo, algo que buscava! Porém de cara vi que ele era mais reservado, um pouco tradicional e um tanto quanto inexperiente. Dia seguinte ele queria sair comigo e me apresentar para os amigos. Fiquei assustada, pensei que poderia estar indo rápido demais, mas eu estava tão entediada no final de semana que o fato de conhecer gente nova me animou e aceitei o convite.

Galera massa, conversa boa, cerveja gelada, tudo muito bom até que em um abraço escuto um ‘eu te amo’! Pensei: ‘Oi? Esse cara me conheceu ontem, como pode dizer isso? Certo da cabeça ele não deve ser! ’ Sorri e apenas respondi que estava gostando de ficar com ele. Passou um tempo e mais uma vez ele disse a bendita frase, e depois de novo, e ainda arrematou com um ‘Eu sei que não me ama, mas eu te amo’. Pensei que só podia ser por conta da bebida, mas hoje vejo que ele criou uma grande expectativa sobre mim. Ele olhou minhas fotos ‘fofas’ e sorridentes nas redes sociais, viu que eu era inteligente e que já tinha trabalhado como professora no mesmo órgão que sua ex-namorada, e acho que na cabeça dele ele pensou que eu era a nova representante bela, recatada e do lar que poderia satisfazer todas as necessidades emocionais que ele precisava. Acho que ele queria que eu fosse como a sua ex, que agora namora, espelhou isso em mim e o tiro saiu pela culatra!

Depois da festa com os amigos ele quis me levar até a casa dele. Achei muito cedo para conhecer os seus pais, mas ele me tranquilizou de que seria tranquilo. Ali, na porta da casa dele, ele me pediu em namoro. Não sabia o que responder mas disse sim! No fundo, eu queria sair daquela fuleragem de ficantes casuais e viver algo mais tranquilo, estável e constante. Sim, namorar é bom e achei que poderia aproveitar esta oportunidade! Entramos, conheci os pais dele rapidamente e já entramos para o quarto (coisa que achei super errada por talvez criar uma primeira impressão ruim e errada ao meu respeito). Mas também queria aproveitar e ali rolou alguma intimidade até que, em certo ponto do sexo, percebi que ele literalmente dormiu enquanto eu estava por cima dele! ‘Puta que pariu!' – eu pensei- ‘Como vou embora pra casa agora, tarde da noite, com esse cara desmaiado na cama?! ’ Eu fiz de tudo, sem sucesso, para ele acordar. Até que cobri ele com uma toalha de banho (estava muito vergonhoso ele nu estirado na cama), vesti minhas roupas e tive coragem de sair do quarto. Para a minha sorte a mãe dele ainda estava acordada! Com vergonha, disse que precisava ir embora, falei que o filho dela tinha capotado de sono sem dar grandes detalhes, pedi desculpas e pedi um táxi. Nem sei o que ela pensou de mim, mas eu também não tive culpa do que aconteceu.

Dia seguinte, ele constrangido pediu mil desculpas pelo ocorrido! Fiquei sem jeito, mas resolvi dar uma outra oportunidade. Afinal, quem nunca capotou de sono no meio do sexo? (Esta frase contém ironia). No dia seguinte era a festa da turma dele e ele insistiu para que eu fosse. Senti que ele estava querendo se redimir. Festa boa, interagi bastante com seus amigos que me apoiaram na nova empreitada amorosa. Varamos a noite, já era dia e resolvi descansar na casa dele antes de ir embora. Foi aí que começou o declínio! Ele, como que querendo se retratar pelo mal desempenho sexual do último encontro, veio para cima de mim com tudo! Sem preliminares, como era típico das suas abordagens, disse que queria me fazer gozar o máximo de vezes possíveis! Eu estava cansada, com muito sono, mas resolvi dar uma animada e tentar aproveitar com ele. Só que a falta de preliminares, somada à sua nítida falta de experiência e conhecimento do corpo feminino, fizeram dele uma britadeira ambulante que só pensava em ‘meter’ de forma contínua, forte e aleatória. Tentei dizer para darmos um tempo entre uma e outra, que o corpo feminino não consegue gozar seguidamente sem dar um tempo ou com a mudança de estímulos, mas ele parecia não me escutar. Resultado disso: fiquei machucada e até sangrei com o ato. Acho que ele queria provar para ele mesmo, e para mim, que ele tinha um bom desempenho e acabou errando feio!

Conversei com ele, fui aberta sobre o que aconteceu e ele pareceu entender. Três dias depois tentamos novamente e ele, com a mesma abordagem e sem preliminares, me machucou novamente, sangrei novamente e, somado ao machucado anterior, fez com que doesse ainda mais! Então disse que deveríamos dar um tempo com o sexo com penetração, que iria marcar uma ginecologista para ver este e outros aspectos, fato que ele entendeu e concordou. Pensei que esse seria o momento ideal para explorarmos outras formas de prazer, de poder conversar abertamente sobre nossos gostos e afinidades e que eu poderia ensinar a ele ‘o lado bom da vida e do sexo’. Foi quando conheci um lado sombrio dele, o seu lado machista!

Para ele, sexo só servia se fosse com penetração, que ele não curte oral, ou investidas sensuais, ou brincadeiras de duplo sentido, ou conversar sobre sexo, ou... ou... ou..., enfim, nada que fugisse do ‘papai e mamãe’ entre quatro paredes era do agrado dele! Eu não estava acreditando, ele era extremamente conservador e limitado quanto a vivência da sua sexualidade! Como pode um cara inteligente desses ter um pensamento tão retrógrado, sei lá, como se ele viesse do túnel do tempo com ideias da sociedade de 100 anos atrás?! Fui ficando desestimulada a cada investida sensual que era correspondida com frieza e até julgamento: ‘Isso é inapropriado, não gosto disso! ’ Somados à questão sexual, via que ele não gostava de demonstrar carinho em público. Em um churrasco na casa dele me senti mais aleatória do que o vaso de flores artificiais jogada para o escanteio para dar lugar aos pratos com carne e copos de bebida: nem um olhar, uma frase de aconchego, um selinho ou uma mão que eu pudesse segurar para não me sentir tão estranha naquele território ainda desconhecido, mas que queria cativar. As despedidas também eram frias; para ele precisávamos ir com calma, para mim eu precisava saber se ele era machista e com pensamentos tão atrasados como começou a demonstrar, e por isso o testava para saber se deveria ou não cair fora o quanto antes!

O fato é que ele descobriu que eu era uma pessoa independente demais, com amplo domínio sobre minha sexualidade, e com um apetite sexual inapropriado segundo os seus padrões de comportamento. Isso o incomodava porque eu fugia da expectativa de moça recatada que ele depositou sobre mim e que era o que ele queria como namorada. Também eu fui ficando desanimada após tantas tentativas frustradas e era visível a minha descrença sobre a relação. Mas resolvi apelar para uma última tentativa e utilizar todo o meu ‘sex appeal’ na esperança de fazer aquele investimento valer a pena! Queria mostrar para o boy o quão bom seria se livrar das amarras do preconceito para nos aproveitarmos mutuamente.

Foi aí que minha tentativa deu ruim, muito ruim! O que era para ser uma comemoração alegre de ano novo virou um dos momentos mais traumáticos da minha vida! Fui vítima de abuso!


A Pequenininha

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