Falso puritanismo
Este na verdade é um assunto muito delicado de se tratar, mas uma tendência cada vez mais forte nos dias atuais. A sociedade anda perdendo cada vez mais o pudor, quebrando cada vez mais tabus no que tange especialmente a afetividade e sexualidade. Digamos que alguns que defendem o lado conservador, que é contra essas mudanças, continuam conservadores, só que com um jeitinho ‘mais ameno’ em suas cobranças.
Uma pergunta: Qual a diferença de ficar com um cara por mês e assumir um namoro todo mês? Pra mim é até mais sacana a segunda posição, pois você diz assumir um compromisso diante da pessoa, da sociedade e seus pais só pra poder pegar a pessoa e depois partir pra outra. Pra mim o ficar só mudou de nome para parecer ‘santo’ e ‘sério’, mas continua sendo ficar a mesma coisa, só que magoando mais o outro depois do término.
Eu fico agoniada de ver pessoas que se dizem no ‘caminho correto’ falarem das falsas amizades do mundo, mas que vivem metendo o pau falando mal dos outros. “Se um irmão saiu do grupo e está no bar ele/ela virou cafajeste/puta, mas se eu critico ferrenhamente ele e continuo indo nas reuniões religiosas eu continuo mais pura que lençol branco após lavagem com Vanish.”
Acho muita hipocrisia esse falso puritanismo! Na verdade, estas pessoas só mudam o nome das coisas mundanas para parecerem santas, mas que no fim das contas são as mesmas coisas. Estar em um barzinho passa uma imagem errada de mim, mas tomar um milk shake alcoólico tudo bem. Devo manter a castidade, mas posso provocar meu namorado e/ou outros caras. Eu não posso ficar com alguém, mas posso ter quantos namoros rápidos eu quiser…. O pior é que ainda colocam Deus no meio, separando os ‘condenados’ daqueles que vivem em um ‘caminho de retidão’, quando na verdade são quase a mesma coisa.
Não estou querendo generalizar, sei que tem muita gente religiosa e condizente com os verdadeiros preceitos cristãos assim como tem muita gente que é mundana mesmo e praticam as coisas mais inimagináveis que possam existir. Mas existem muitos que resolveram dar uma ‘amenizada’ no lado conservador somente para poder desfrutar dos prazeres da carne sem, contudo, deixar de dizer que vive uma vida certinha. E tem muita gente que fala mal das pessoas que deixaram o meio religioso ou que passaram a frequentar mais as coisas que eles consideram ‘do mundo’ por puro recalque e vontade de se libertar, só que assombrados pelo medo da crítica e condenação. Quem é pior, ou melhor, no final das contas? Certo e errado são apenas pontos de vistas individuais? Seria honesta essa ‘relativização das normas’ para manutenção da pessoa no grupo religioso e manter sua falsa consciência de uma mente e espirito puros?
Pra mim seria melhor se as pessoas fossem menos hipócritas e aceitassem sua condição de humanos, que possuem desejos, vontades e opinião. Claro que você talvez lute contra algumas coisas em nome de seus ideais, mas o que quero mostrar é que se você realmente defende uma posição que você seja condizente com ela. Se você quer conhecer uma pessoa, mas não se sente segura para um compromisso sério ainda, assuma a condição de ficante. Se você quer ir a uma boate e dançar uma música eletrônica ou um hip hop assuma isso e pare de falar mal de quem tem a atitude de fazê-lo. Se você adora provocar os caras, mesmo usando só saias abaixo do joelho (que fique explicito que esta não é uma crítica única e direcionada para evangélicos), pare de falar da mulher que passou com o vestido rosa curto. No final das contas é tudo a mesma coisa e tudo seria muito mais simples e menos perturbador se você deixasse de fingir ser uma pessoa que não é só pra ter maior aceitação no seu meio social.
A garota que vos escreve prefere não viver de hipocrisia, mas acredita que existe muito disso por aí. Em especial no caso hoje discutido, onde muitos tentam viver este falso puritanismo para tentar convencer a si mesmo e aos outros que vive no caminho santo diante de uma ‘sociedade corrompida’. Coitados! Não que uma pessoa ao se comprometer com seus ideais não caia uma vez ou outra; pois isso é humano e, mesmo diante da queda, sua mente continua comprometida com essa busca e batalha pessoal. O que difere do que ocorre com aqueles que dizem viver de um lado, mas que na verdade vivem formigando para estarem do lado oposto. Para estes, antes deixassem de lado os seus falsos pudores para viverem de forma mais madura, mais honesta consigo e com os outros e com a consciência mais tranquila. E tenho dito!
Bjus… A Pequenininha
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