Recordações – Momento (raro) de sensibilidade
"Certas pessoas nos tiram de nós, outras nos devolvem."
Ontem acompanhei a minha mãe em uma endoscopia. Eu estava tão cansada e com tanta coisa pra fazer… mas não poderia deixar de acompanhá-la. Entre uma pescada e outra enquanto tentava ler uns artigos no consultório, lembrei-me de quando fui eu a fazer este exame.
Como a maioria deve saber, na endoscopia o paciente é anestesiado e por isso precisa de um acompanhante para que o conduza em segurança de volta para casa. Naquele dia meu irmão não podia ir comigo, então estava com poucas opções de ajuda. Fiquei meio sem graça, mas pedi uma grande amiga que me acompanhasse. O problema era que o exame ia até um pouco mais tarde, devido ao tempo de recuperação, e ela tinha que ir trabalhar. Ela, coitada, já estava se atrasando para dar entrada no hospital quando, percebendo a situação, sugeri a ela pedir para ele ir me buscar. Ainda mais sem graça, tive que pedir ajuda a mais uma pessoa, mas não havia outra maneira. Ela então concordou e telefonou-o (porque eu não conseguia nem digitar direito os números) e então ele se dispos a ir me buscar na mesma hora.
Assim ele o fez, solícito a minha situação, mesmo que tendo também que trabalhar naquele horário. Me abraçou, me conduziu meio grogue, me ouviu repetir a mesma coisa inúmeras vezes (porque estava aerea), me deixou em casa e comprou comida e suco (ainda estava de jejum). Então perguntou se eu estava bem, passou a mão em minha cabeça em um breve cafuné, olhou-me ternamente e se despediu. Bem, eu não tinha como retribuir com nada naquele momento e acho que nunca soube retribuí-lo por isso.
Digo isso para vocês porque foi um dos poucos dias em que me senti tão dependente e ao mesmo tempo tão amparada em toda minha vida. É um consolo raro que trago em meu coração. Foi um momento com atos simples, mas totalmente humano, que me recorda vez ou outra que eu sou assim; também humana.
Mas logo no dia seguinte lá estava eu com toda minha postura durona novamente, recomposta, querendo que ele aceitasse o dinheiro gasto comigo (como se eu não pudesse jamais ficar em dívida). As vezes acho que não tenho jeito mesmo! rsrsrs…
De uma menina que anda meio sensível (agora dá pra entender o porquê do texto) e que ainda acha uma droga se sentir assim _ ser amparada é algo memorável, concordo, mas, no meu caso, muito raro de ocorrer. Portanto, é sempre complicado abrir a guarda.
Bjus…A Pequeninha.
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