A menina que descobriu sobre a dependência sexual das mulheres

“Sempre digo que não preciso de você/ Mas sempre acabo voltando a este ponto/ Por favor, não me deixe.” Pink – Please, don’t leave me (tradução)

Seu pai tinha saído de casa, era a 3ª vez pelos relatos de sua mãe, pois nas outras duas ainda era muito nova e não se recordava. Essa, porém, tinha se prolongado mais que as anteriores. Ela pensava que agora poderia fazer as tarefas escolares sem nenhum barraco em casa, sua mãe não brigaria e nem precisaria gritar todas as noites, e os vizinhos também seriam gratos por essa maior tranquilidade. Pobre garota, doce engano!

Com o passar do tempo sua mãe ia ficando nervosa, eram muitas atribulações no seu coração. A menina também passou a não ter paz por conta disso. Um dia, no auge do desespero, sua mãe grita aos prantos:

_ A culpa de o seu pai ter ido embora é sua, que nunca soube dar amor para ele! É você que nunca se entendeu com ele, que vivia brigando e por isso ele foi embora. Você não entende, você não me entende! Eu sou uma mulher, estou necessitada. Agora as coisas não vão mudar. Você ajudou ele a ir embora, nada vai mudar, agora saia daqui!

Coitada da criança, com apenas 13 anos e presenciado aquele pranto desesperado de sua mãe que se contorcia na cama enquanto a culpava pela falência de seu casamento. Que desnecessário! Quanta culpa para alguém ainda tão nova. Mas como não era possível assimilar tudo de uma vez, ela somente pensava interiormente:

_Que louca, ela não está em si! Com certeza deve ter bebido. Ela devia estar contente porque não briga mais com ele todos os dias, porque agora ela pode ser mais livre, porque finalmente pode buscar ser feliz. Louca, louca! Vou deixá-la quieta e não dar ousadia.

Com o tempo a menina foi percebendo que uma relação há mais fatores envolvidos do que tão somente uma convivência diária; têm os fatores emocionais, financeiros, a história de vida construída, a dependência que um pode ter criado pelo outro e, sim, as necessidades físicas!

Bem, esta menina não aprendeu da melhor maneira sobre o último quesito, mas pelo menos agora não pode dizer que é totalmente leiga no assunto. Tal como esse aspecto, ela também foi aprendendo muitas outras coisas sobre relações humanas que a vida ia tratando de exemplificar com o tempo.

O que ela fez com aquela informação?! Acredito que tomou como uma nota de atenção, para que nunca agisse um dia da mesma forma deprimente que viu a sua mãe. Pode ser que ela criou valores que a formassem de forma preventiva para tais acontecimentos. Talvez ela também aconselhe os outros a não fazerem o mesmo, os aconselhe sobre os riscos de não saber manter uma relação saudável. Enfim, são muitas as saídas e hipóteses.

Eu, particularmente, acredito que isto não ocorre somente com esta mulher, mas com todas aquelas que têm intimidade conjugal, em maior ou menor grau. Pode ser que é algo instintivo, de duração incerta e particular de cada pessoa, uma mistura de angústia psicológica e física. O que difere é a forma com que encara a realidade e transparece isso para os outros.

No caso relatado, em particular, eram muitas coisas envolvidas, um casamento inteiro em crise, que a fez adentrar naquela extrema angústia e explodir daquela forma. Nestas situações é preciso muita atenção para que se possa colocar a cabeça no lugar, não agir sem rumo e evidenciar-se tão frágil de forma a se destruir ainda mais e afetar, mesmo que sem querer, os outros.

Abraço a todos. De alguém que vê nestes exemplos uma lição de vida para si e para os outros; que prefere não esperar se cortar para ter conhecimento da intensidade da dor. Talvez esse exemplo soasse como um vômito (uma espécie de polêmica desagradável) aos meus leitores menos preparados. Por favor, não encarem desta forma. Para aqueles que souberam digerir melhor a informação, sabem ter senso crítico para capturar a mensagem da história e criar um aprendizado para si sem, contudo, ficar especulando sobre a vida da autora ou de quem passa pela situação.

Bjus... A Pequenininha.

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