Carta aos amantes que nunca amei

 


Você me trazia para perto com todo o calor e afago. Me sentia envolvida por aquele abraço. Era tão quente, tão lindo, tão sutil... chegava a ser poético a forma que você sugava a minha alma como um dementador.

Nunca foi sobre amor, nem sobre paixão, muito menos sobre tesão. O que havia sempre foi mais específico. Sempre foi sobre carência e disputa de ego.

Era encantador a forma que você dizia que eu era especial, mas só quando eu estava disposta a cumprir as suas regras. Quando você me ligava e conversávamos por horas sem fim, todos os dias, sobre os seus problemas, a sua rotina, os seus projetos, o seu cachorro, as suas frustrações, os seus estudos, os seus amigos, o seu, seu e seu... Nunca houve nós, não é verdade?

Você repetia tantas vezes que sentia minha falta, mas me tomava por inconsequente por querer a sua presença. Dizia que eu só queria fazer do meu jeito, mas eu nunca tive o direito de fala para opinar como queria. Você se aproximava e depois me culpava por ter se aproximado. Fazia planos e se irritava se eu me empolgasse com eles. Era sempre dual, incerto, esquisito. Eu me sentia beijada e mordida, abraçada e roubada, tudo ao mesmo tempo.

Você me culpava pelas coisas que, no seu íntimo, sabia que eram suas, mas que eram pesadas demais para serem assumidas e carregadas. É uma falha humana. Sempre foi mais prático transferir aos outros aquilo que em nós não suportamos. Mas esse é um jogo de manipulação infantil e cretino!

E eu só percebi rápido porque não foi a primeira vez. Sim ‘boy’, você não foi o primeiro cara carente e manipulador emocional que passou na minha vida, talvez não seja o último. Mas hoje eu tenho toda uma malícia que me blindam de certas situações nas quais eu não preciso passar novamente para saber no que vai dar. E com você os sinais apareceram rápido.

Não que você seja uma pessoa ruim. Talvez você até tinha uma boa intenção, talvez você até foi com a minha cara. Mas você não sabia amar. E amar errado machuca, amar errado desconstrói, amar errado não é amar. E eu não mereço isso! Demorou um pouco para aprender, na verdade estou em constante aprendizado, mas hoje sei exatamente o que sou, o que quero e o que mereço, e não aceito menos que isso: amor!

A Pequenininha

Comentários

Unknown disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse…
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