Relatos da Pequenininha – Pagando o preço

pagando o preço

“Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades.” Fernando Pessoa

Algo inusitado aconteceu-me dias atrás. Solitária, relembrei e puxei papo com um garoto gatinho que deu em cima de mim em um bar quando ainda era comprometido. Agora solteiro e doido pra aproveitar a vida, ele parecia disposto a querer me comer desfrutar da minha beleza e me ver novamente! Eu não estava com muita expectativa, sabia que ele não é de se levar a sério e que o interesse dele por mim passava longe de algo que não fosse necessariamente físico. Mas, sem opção como ansiava a companhia de alguém, decidi arriscar!

Nos encontramos, nos pegamos, e no flagra e cara fechada do meu irmão, saímos pra algum lugar. Ele, playboyzinho acostumado a aparecer, me chamou para irmos a um restaurante que era mais caro, alí mesmo perto de casa. Achei interessante a ideia, apesar de próximo nunca tinha ido ao local. Chegando lá, a pessoa não tinha dinheiro pra pagar pelos itens do cardápio e ficou com essa de que ‘não estava com fome’, ‘que não tinha dinheiro’. Nesta hora assumi a postura educada, porém não esperada, de pagar por toda conta para não estragar nosso encontro. Bem, alí ele ainda viu a ex e ficou a comentar dela e de suas ‘boas lembranças’, depois ficou super disperso, sem dar atenção e conexão a sua conversa e nem muita bola à minha conversa, sem falar nos relatos de todo o coquetel de drogas ilícitas que ele já tinha experimentado! Uffa!!! Não que eu tenha essa ideia de que o homem deva sempre pagar a conta, pelo contrário, mas se o cara chama pela primeira vez uma mulher pra sair e não tem dinheiro, por que ele não vai a um lugar na qual ele tenha condições de pagar ou pelo menos rachar a conta?! Um cachorro quente, um buteco, uma casa de salgadinhos, sei lá! Eu nunca fui de frescura de ter que ir em lugar chique não!

Bem, achou pouco?! Depois de pagar a conta e se negar a me dar a mão ou estar junto a mim enquanto voltávamos para minha casa (acho que ele não queria aparentar que estava com outra pessoa), ainda se deparou com a casa vazia e, lógico, me incentivou a entrar de novo para uma nova tentativa de me foder dar uma namorada. Vocês acham que eu cedi depois de ser destratada daquela forma?! Claro que sim! Cedi! Cedi por que me sentia só e queria a companhia de alguém pelo menos naquele momento, cedi porque saberia que ele não apareceria novamente (como de fato ocorreu) e que iria demorar para ter alguém ao meu lado novamente, cedi porque é difícil demais se sentir só e desvalorizada por todo o tempo e por querer acreditar que até um falso cuidado, um elogio forçado na forma de tesão, conseguiriam me aliviar desta tristeza!

Ele não conseguiu me comer adquirir o prato principal e foi embora sem dar outro sinal de vida. Apesar de tudo aquilo, foi um dia bom. Foram horas que conseguiram abater a tristeza do meu coração, pelo menos naquele momento. Foi então que parei para refletir que estaria disposta a pagar quantas vezes fossem necessárias a conta de um restaurante, ou o que fosse preciso, para ter a companhia de alguém que compartilhe das minhas misérias pelo menos por um momento!

A solidão é uma coisa triste e ainda não consegui me adaptar muito bem a ela, principalmente por saber que é uma fase que vai durar um período maior e ainda não determinado. Dizem que aquele que realmente consegue lidar com sua solidão é porque está e consegue viver em paz consigo mesmo. Acho isso muito verdade! E sim, posso estar fazendo isso por falta de amor próprio, por carência, por ter na cabeça a ideia contentadora de que virarei uma coroa rica que só atrairá companhia por interesse, ou por todos estes motivos juntos! Sei que por ter estes pensamentos negativos isso realmente pode atrair e acontecer. Mas, se coloquem em meu lugar, não tenho muitas perspectivas para que me imagine fora desta realidade!

Tenho um ex peguete amigo que é garoto de programa (talvez um dia conte esta história melhor). Relatando este caso e numa ‘brincadeira’ ele disse estar precisando de R$100 reais. Parei pra pensar que poderia pagar este preço por uma companhia que me acalentasse ocasionalmente, que me fizesse sentir especial por pelo menos aquele momento, que me fizesse sentir desejada! Não sei a extensão do benefício ou malefício, mas juro que não descarto a alternativa de financiar um encontro em troca de um consolo temporário. E nem falo de algo piamente físico como beijo ou sexo; falo de uma conversa amigável, falo de se sentir segura em um abraço ou o conforto de um olhar. Talvez isso seria eu me acostumando e me adaptando à fatídica solidão, talvez fosse um disfarce para os meus medos, e talvez só seja um jogo que eu esteja disposta a jogar por uns momentos de diversão. Se estou realmente disposta a pagar o preço?! Só o tempo dirá!

De uma menina que está o cúmulo do forever alonismo!

Bjus… A Pequenininha

Ps: Não sei se continuo com essa história de ‘relatos’. É uma ideia antiga que pretendia fazer para aliviar minha mente, mas ainda estou avaliando o impacto do meu blog como ‘diário autocrítico’.

Comentários

Vc me surpreende cada vez mais. Bjs

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