Decidir ficar

permanecer com você

Eu poderia me apresentar de duas formas ao conhecer alguém:

“Olá! Eu sou A Pequenininha, tenho 21 anos e atualmente faço mestrado em Biotecnologia. Do ensino médio fui direto pra faculdade e agora para a pós-graduação. Atualmente desenvolvo meu projeto de pesquisa em uma empresa farmacêutica na área de engenharia genética. Sempre fui uma mulher muito independente, desde os 17 anos moro fora de casa e sempre me virei muito bem sozinha. Sou um pouco ansiosa e cheia de expectativas e espero que todo o meu esforço se converta em conquistas. Sou uma pessoa muito alegre, espontânea, que gosta de conversar com as pessoas. De quebra tenho como hobbie a psicologia e por isso divago nas horas vagas como escritora de blog.”

Ou poderia dizer assim…

“Olá. Eu sou A Pequenininha. Tenho 21 anos, mas uma mentalidade que aparenta ser bem mais velha que isto. Atualmente faço mestrado em Biotecnologia. Sempre foquei demais nos estudos e acabei virando uma nerd por esforço, o que me fez chegar até aqui. Atualmente desdobro todo o meu tempo em trabalhar e estudar, quase não tenho tempo de sair, e quase não tenho companhia para isto também. Sempre tive que me virar sozinha, se eu quisesse algo tinha que me virar pra conseguir; o que me fez a duras provas uma pessoa independente e responsável. Moro longe da minha família, viver só já virou rotina apesar de não me dar muito bem com a solidão. Sou perfeccionista, muito ansiosa, medrosa… tenho TOC, um pouco de TAG e, pra variar, me deparo atualmente na 4ª crise depressiva que no seu auge atingiu até a psicose. Então, por experiência prévia da gravidade do caso, procurei tratamento rápido e hoje mantenho o controle e procuro melhoras a base do tratamento associado da psiquiatria e psicologia, atividades interativas e uma dose básica de 187,5mg de Venlafaxina, da qual atualmente não consigo imaginar o que seria de minhas noites de sono, minha rotina e minha sanidade mental sem ele. Sou tímida, mas busco sempre me socializar, vencer meus medos, conhecer outras pessoas. Tenho dificuldades pra amar, não fui educada da maneira certa de amar, mas queria confiar em alguém na qual pudesse arriscar uma forma de aprender esta incrível arte. Sozinha, me sinto incrivelmente só, e muitas vezes pessimista na idéia de que ninguém nunca aceitaria alguém tão problemática.”

Ambas sou eu, minha personalidade, meus pensamentos. Estar comigo é aceitar toda essa complexidade, eu por inteira. É estar com a menina alegre e espontânea, mas que possui as suas sombras e luta diariamente contra elas. É saber que sou uma pessoa disposta a amar, mas que provavelmente precisarei de ajuda e que gostaria de viver junto esse tipo de aprendizado. Que sou uma menina independente, mas que anseia por alguém que cuide de mim. Uma pessoa que conquistou muitas coisas, mas que trocaria tudo pra não viver de alma vazia.

Poucos aceitariam estar ao lado de alguém assim e dizer ‘Gosto de você pelo que você é, mesmo na tristeza, mesmo nas dificuldades, porque é assim que você faz de mim mais feliz.’ É um fardo pesado demais, e eu não poderia impor que ficasse, pois tenho plena consciência do quão difícil é. Quem conhece minha história consegue estar ao meu lado porque compartilharam das vivências que me formaram e entendem as lutas, as decisões e temperamentos. Mas alguém totalmente novo, com uma realidade totalmente diferente e com objetivos totalmente diferentes talvez nem chegue a querer me conhecer muito; talvez pela superficialidade dos relacionamentos atuais ou talvez por perceber que realmente há muita complexidade por detrás de um doce sorriso em um rosto com olhar vibrante, porém triste.

São poucos que decidirão lutar pela conquista do meu coração, que darão um bom valor nele. Não posso fazer nada. Apenas procuro melhorar a cada dia, lutar a cada dia, me mostrar com o melhor que tenho a cada dia. E assim procuro cativar por aquilo que sou, pelo amor que posso doar as pessoas (mesmo que as vezes quase não tenha para oferecer e mais precise receber do que doar). Mas é assim, as expectativas permanecem, oras mais otimista, oras mais pessimista; mas como uma vela sempre acesa, cuja luz e calor não deixam meu coração congelar.

Permanecer ao lado em todos os momentos é para poucos, é para os que lutam por saberem que ali existe uma pedra preciosa que precisa ser lapidada, e com amor cativa para que esta pedra seja sua e pra que sua vida também tenha maior brilho e riqueza ao lado dela.

De uma pedra preciosa que está por aí para ser descoberta, lapidada, cativada.

Bjus… A Pequenininha

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