-=Ausências=-

"A ausência é a causa de todos os males." (Jean de La Fontaine)


O que te sufoca, não pelo excesso, mas sim pela falta? O que te faz acreditar que as coisas poderiam ser diferentes do que são hoje na sua vida? Quem nunca se deparou com esses tipos de questões que nos afligem a alma e nos levam a refletir sobre o que deixamos ou perdemos ao longo da vida. Nossas experiências nos constroem, mas são as ausências que nos moldam e nos testam para adquirirmos uma postura frente aos fatos e decidir pelos caminhos a serem tomados.

Temos a capacidade de discernir, construir, se desenvolver, etc. Vivemos em uma sociedade cada vez mais individualista e nem por isso conseguimos nos abster da necessidade de conviver. A falta de relações sólidas e saudáveis com pessoas próximas e significantes em nossas vidas (nossos familiares, amigos, namorado(a), etc.) ou a carência de elementos essenciais à sobrevivência (falta de comida, teto, educação ou agasalhos, por exemplo) são determinantes para a formação de nossas personalidades e determinantes nas escolhas que carregaremos para o resto da vida.

As ausências não são constantemente percebidas, muitas vezes crescemos com elas, nos adaptamos com a situação. Ela atua como uma doença silenciosa que ataca e mostra todo o seu poder destrutivo vez ou outra, cabendo ou portador controlar isso a sua maneira: ele pode procurar alternativas melhores de tratamento, viver se lamentando por ela sem buscar melhoras ou permitir que a dor o domine até que não tenha mais o controle sobre si mesmo. No final das contas, acaba sendo uma escolha puramente pessoal.

Em um mundo totalmente deturpado por regras sociais que só visam o benefício próprio ao invés de uma vida em comunidade não é difícil encontrarmos diversas disparidades sócio-econômicas e um índice maior de problemas psico-sociais entre as pessoas. No entanto, é o sofrimento proveniente do relacionamento com as outras pessoas que nos são ainda mais penosos por serem interpretados como um acréscimo, um suplemento gratuito aos nossos dramas de existência, como vai dizer Freud em O mal estar da civilização (1930). Freud ainda salienta que ‘o maior problema do ser humano é sua relação com o que não é presente e que é isto, contudo, o que nos torna humanos’.

Diante de um problema dessa ordem serão nossas experiências e a maturidade com que encaramos o valor que damos à nossas vidas que nos encaminharão para as escolhas que tomaremos. Se tivermos problemas com a ausência de nossos pais, por exemplo, cabe a nós, através de nossa capacidade de discernir, decidir se julgamos aquilo um comportamento que queremos imitar ou não, que achamos correto ou não. Se isto influenciar direta ou indiretamente a convivência com outras pessoas cabe também a nós analisar até onde este problema deve de fato interferir nossas vidas, seja neste aspecto ou nos demais fatos de nossa vivência, e se vale a pena perder a oportunidade de construir novos relacionamentos (saudáveis e frutíferos) por conta do medo de uma experiência que não foi muito bem sucedida.

É importante ressaltar que as ausências, ou pelo menos as suas lembranças, sempre permanecerão, pois o tempo nunca voltará atrás. Porém, as feridas poderão ser cicatrizadas por uma construção de vida baseada em boas relações de forma a impedir que incômodos passados nos impeçam de viver a felicidade do presente e a segurança de um próspero futuro. A presença de uma pessoa não sanará a falta que outra lhe causou, mas poderá lhe ensinar a trilhar um novo caminho, com novas perspectivas de vida e de crescimento pessoal.

Neste sentido devemos ser presença também na vida de outras pessoas, cuidar delas com toda a atenção e o cuidado que gostaríamos de receber, sem esperar, contudo, uma reciprocidade. Tudo isso porque devemos ter a consciência de que também somos presença na vida das outras pessoas e que por elas, e até por nós mesmos, devemos dar o nosso melhor para nos formamos como uma sociedade mais justa e nos completarmos como indivíduo; para que o outro e nem nós mesmos soframos com as ausências já presentes e nem criemos outras novas.

Que saibamos a cada dia entender, conviver e sobreviver às nossas ausências!


Gente, as férias estão acabando... tenho que aproveitar ao máximo esse tempo livre antes que as aulas comecem e me falte tempo pra tudo!!!...Um grande abraço a todos...Bjus...A Pequenininha...

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